Precisamos ter em mente
as cinco palavras que encerram o capítulo anterior ao lermos as palavras de abertura
deste capítulo. Aqu’Ele que havia vencido o mundo, “levantando Seus olhos ao céu, disse: Pai”. No conhecimento do Pai e
na luz do céu, qual é o valor do mundo? E quais são suas ameaças ou perseguições?
Ali estava o próprio Filho de Deus na plenitude absoluta de ambas e, portanto, o
mundo estava, por assim dizer, sob Seus pés. Ele agora Se apresentará diante do
Pai e apresentará Seus discípulos também; de modo que eles, nascidos de Deus, e
conhecendo a Ele mesmo como o Filho de Deus, e o Pai revelado n’Ele, podem ser mantidos no mundo pelo qual eles deveriam
passar. Quando Bunyan, em sua alegoria[1], imaginou
um homem com uma coroa de glória “diante de seus olhos”, ele corretamente colocou
o mundo “para trás de suas costas”.
No quarto versículo do
próximo capítulo, temos o testemunho do evangelista de que Jesus sabia “todas as coisas que sobre Ele haviam de
vir”. Aqui Ele Se dirige ao Pai na consciência de que havia chegado a hora,
para a qual Ele veio especialmente ao mundo. Neste capítulo incomparável nos é permitido
ouvir o Filho falando com o Pai e, assim, elevados a esta região divina, vemos Sua
grande obra completa como um todo e passamos em espírito para além da cruz. Aqui
estão palavras que vão contra todos os poderes humanos de análise e submergem todos
os poderes humanos de pensamento. Ainda assim podemos considerá-las. Vamos fazê-lo,
ao passarmos pelos versículos, observando as coisas para as quais Ele fez pedido
ao Pai, e também Suas declarações enfáticas quanto ao que Ele já havia realizado.
Seu primeiro pedido é:
“glorifica a Teu Filho”. O Filho esteve
aqui como o Servo do prazer e da glória do Pai, de cujo fato este evangelho deu
testemunho especial e abundante. Então, de acordo com isto, Seu primeiro pedido
é que, não mais em humilhação na Terra, mas em meio aos esplendores do céu, Ele
ainda possa servir e glorificar o Pai, exercendo o poder conferido a Ele sobre toda
a carne de uma maneira de peculiar maravilha e bênção. Pouco a pouco Ele exercerá
esse poder sobre toda a carne na execução do julgamento: no presente, Ele o exerce
na concessão da vida eterna a todos que foram dados a Ele pelo Pai. Dessa vida Ele é a Origem e a Fonte para
os homens. Temos a vida e o Espírito vindos do Glorificado, e o Pai é glorificado
nisto de uma maneira que ultrapassa a solene glória que será Sua na hora do julgamento.
Ora, toda a vida leva
o caráter das condições que a cercam – de seu ambiente. A vida eterna só pode ser
vivida no conhecimento do único Deus verdadeiro, como Pai e de Jesus Cristo, o Enviado
do Pai. Sem dúvida é isso que explica o fato de que a vida, como vida eterna, é
mencionada apenas duas vezes no Velho Testamento, e simplesmente como uma ideia
profética daquilo que será desfrutado na era milenar vindoura. Foi uma benção prometida
ao invés de uma benção conhecida e desfrutada. A lei oferecia vida na Terra. A
época da vida eterna começou quando o Filho de Deus apareceu, e tendo terminado
a Sua obra na Terra, Ele foi glorificado no céu.
Várias vezes neste capítulo,
Jesus pronuncia palavras como “Eu glorifiquei-Te
... tenho consumado a obra ... manifestei o Teu nome ... lhes dei as palavras
... os tenho guardado ... Dei-lhes a Tua Palavra ... dei-lhes a glória ... os
enviei ... Te conheci ... lhes fiz
conhecer”, declarando a plenitude de tudo o que Ele realizou. As duas primeiras
ocorrências estão no versículo 4, onde Ele apresenta a completude de Sua obra em
apoio ao Seu pedido de glória. Ele havia glorificado o Pai, e, note-se, na Terra
– aquele canto particular do amplo universo onde Ele tinha sido declaradamente
mais desonrado pelo pecado e pela queda do primeiro homem e de sua raça. Essa grande
obra havia sido confiada a Ele, juntamente com o trabalho paralelo de fazer propiciação
pelo pecado, para que pudesse haver redenção para os pecadores. Passando em espírito além da cruz, declarou
a completude e perfeição de Sua própria obra. Nenhum homem poderia pronunciar palavras
como essas. A obra dos mais eminentes servos de Deus foi fragmentada e incompleta.
E mesmo que fossem de outra forma, nenhum deles teria ousado se aproximar de Deus,
o Perscrutador de corações e caminhos, e se pronunciar sobre sua própria obra, declarando-a
finalizada em perfeição, pois teriam demonstrado a presunção impertinente do pior
tipo. Mas aqui o Filho está falando, e não era presunção d’Ele.
No entanto, Ele era verdadeiramente
homem; e é isso que nos impressiona quando lemos o versículo 5, onde Ele repete
Seu pedido de glória – aquela glória particular que Ele tinha junto com o Pai antes
que o mundo viesse a existir. Ele deve ser vestido com essa glória, somente que
agora como o Filho em Humanidade – Humanidade ressuscitada. Aqui está um
fato da maior admiração e o momento mais importante: um Homem Ressuscitado, Cristo
Jesus, está vestido da glória sempre-existente da Deidade. Nessa glória Ele é
Cabeça da Igreja, o Líder da raça eleita à qual pertencemos. Quem pode medir as
consequências que vão fluir desse grande fato?
A raça eleita entra em
cena no próximo versículo. Eles são designados “aos homens que do mundo Me deste”. Assim, desde o início, eles são
nitidamente diferenciados do mundo, retirados dele pelo Pai e dados ao Filho. Eles
eram os do Pai segundo o Seu conselho antes que o tempo existisse, mas foram dados
ao Filho para que Ele os levasse ao conhecimento do Pai, ao manifestar o Seu Nome
a eles. No final de Sua oração, Jesus fala de fazer conhecer o nome do Pai,
o que enfatiza Suas palavras. Aqui, no entanto, o nome do Pai está se manifestando,
e isso foi realizado mais em Sua vida e obras, como Ele disse anteriormente:
“quem Me vê a Mim vê o Pai”. Destes homens
Ele diz: “Eles têm guardado a Tua palavra”
(ARA).
Isso foi muito tocante,
por pensar o que esses homens tinham sido, quão tardios, quão insensíveis, quão
indiferentes! E pense no que eles estavam prestes a mostrar serem em si mesmos.
Que covardia, que negação, dali a algumas horas! Mas o Filho os via à luz do propósito
divino, e Ele sabia que, no final de tudo, o Pai tinha poder para produzir neles
tudo o que Ele havia proposto. Assim, Ele os creditou com a posição na plenitude
daquilo que eles, até agora, só realizaram em uma medida muito fraca. E Ele não
trata Seus santos hoje e intercede por eles da mesma maneira? Ele os credita também,
no próximo versículo, indicando ao Pai tudo o que eles tinham visto manifestado n’Ele. Por
todo este evangelho O encontramos atribuindo tudo ao Pai. Suas palavras e Suas obras
eram do Pai. Ele não falou nem agiu como de Si mesmo, embora fosse o Verbo e o Filho.
Tão real foi a Humanidade que Ele tomou: tão real o lugar da sujeição que Ele assumiu
que Ele podia manifestar o Nome e glória do Pai.
No versículo 8 Ele não
fala de “Palavra”, mas de “as palavras” que foram dadas a Ele e transmitidas
aos discípulos. Uma é a revelação, considerada como um todo; a outra, as muitas
e variadas palavras em que Ele havia comunicado a Palavra a eles. Essas palavras
eles receberam, e por elas foram dirigidos ao próprio Pai. Eles realmente as receberam,
mas teriam verdadeiramente entendido a menor fração de seu significado? Quanto delas
temos abraçado – nós que temos o Espírito? No entanto, não é pouca coisa se,
sem reservas, recebemos e cremos no que Ele diz pelo fato de que é Ele Quem diz
isso. Tudo o que Ele disse nos colocará em contato com o Pai que O enviou.
Aqui ouvimos o Filho fazer
o Seu primeiro e maior pedido; que Ele deveria ser glorificado em Sua Humanidade
ressurreta, a fim de que pudesse glorificar o Pai de uma nova maneira. Também O
ouvimos afirmar quatro coisas que realizou perfeitamente. Ele glorificou o Pai na
Terra. Ele consumou a obra que Lhe foi dada fazer. Ele manifestou o nome do Pai
aos discípulos; Ele deu a eles as palavras que o Pai Lhe dera. No versículo 9 encontramos
o Seu segundo pedido, não para Si mesmo, mas para Seus discípulos. Ele começa por
dissociá-los do mundo da maneira mais decisiva.
A antiga linha de divisão
tinha sido entre judeus e gentios, mas que, embora tivesse sido afiada o suficiente
até agora, estava desaparecendo e sendo substituída pela divisão entre os discípulos
que O receberam e o mundo que O rejeitava. Se um judeu O rejeitava, seu lugar de
privilégio desaparecia, e ele passava a ser apenas um dos elementos de que o mundo
era composto. Note como o Senhor caracteriza os Seus discípulos aqui. Eles eram
do Pai por Seu propósito e escolha, e então dados por Ele ao Filho. Sendo assim
dados, foram considerados como pertencentes ao Pai e ao Filho. Mas eram peculiarmente
o vaso ou veículo em que o Filho deve ser glorificado.
“Tudo o que é Meu, é Teu; e tudo o que é Teu, é Meu”. Pondere estas palavras. Um mero homem pode dizer: “Tudo o que é Meu, é Teu”, mas nenhum homem poderia dizer: “Tudo o que é Teu, é Meu”, ou seria culpado
de imperdoável e blasfema presunção. Mas o Filho poderia falar assim com propriedade
e verdade; porque Ele é Um com o Pai.
Tendo colocado os discípulos
diante do Pai como os objetos de Seu segundo pedido, Jesus mencionou naquela ocasião
que Ele estava deixando o mundo e indo ao Pai, enquanto eles deveriam ser deixados
no mundo. Eles tinham muito pouca percepção do que o mundo era, com seus perigos
e armadilhas; Ele sabia disso perfeitamente. Nada além do poder mantenedor do Pai,
de acordo com Sua própria santidade, seria suficiente para preservá-los. Eles não
seriam meramente preservados, mas mantidos em unidade segundo o padrão do Pai e
do Filho. O Filho havia revelado aquele santo nome do Pai, e nele havia o
necessário poder e graça, assim como também havia na vida eterna que o Filho dá,
juntamente com o dom do Espírito, que em breve aconteceria. Além disso, esses homens
foram deixados como testemunhas do seu Senhor que estava indo embora, e era essencial
que o testemunho deles fosse marcado pela unidade, a fim de ser eficaz. Os Atos
dos Apóstolos e as Epístolas nos mostram quão plenamente esta unidade de testemunho
foi preservada.
Até então eles haviam
sido guardados pelo Filho em nome do Pai, e o único que faltava não era discípulo
de verdade, mas o filho da perdição, e até mesmo esse triste acontecimento foi em
cumprimento da Escritura. Quanto a todos aqueles do Pai realmente dados a Ele, Jesus
podia dizer que “guardava-os” (TB). Agora,
saindo do mundo, Ele coloca os discípulos em Seu próprio lugar, como mostra o versículo
13. Ele esteve aqui em nome de Seu Pai, encontrando Sua alegria em servir Seus interesses.
Doravante eles deveriam estar aqui em Seu Nome e ter o mesmo gozo cumprido em si
mesmos por servirem o Pai, ao representarem o Filho.
Mas para isso eles precisariam
estar no conhecimento da mente e propósito do Pai; daí o Filho lhes havia dado a
palavra do Pai. Aqui temos as palavras “Dei-lhes
a Tua palavra” e, desta vez, não “as
palavras”, mas “a palavra”; isto
é, toda a revelação que Ele havia trazido. Eles ainda tinham entrado pouco na plenitude
dessa revelação, mas, por meio dela eles tinham sido separados do mundo quanto ao
conhecimento deles, assim como eles também estavam separados em origem, pois eles
não eram DO mundo como Ele não era. No entanto, quanto ao lugar, eles estavam NO
mundo, e o Senhor não desejava que eles fossem tirados dele, mas, ao contrário,
guardados do mal.
Aqui temos muito explicitamente
uma coisa pela qual o Senhor NÃO fez pedido. No entanto, essa coisa, com uma
estranha obstinação, tem sido buscada através dos séculos por almas sinceras – e
muitos verdadeiros crentes entre eles – como uma incorporada ideia monástica. Essa
ideia pode ser buscada com o auxílio das espessas paredes de alvenaria, ou pode
ser buscada sem elas. O resultado, no entanto, é o mesmo. Se transformarmos a separação
divinamente ordenada em isolamento monástico, sempre terminaremos gerando, na esfera
de nosso retiro, os próprios males que deveríamos estar evitando. O mundo realmente
nos apresenta um perigo mortal. Mas por quê? Por causa do que somos em nós mesmos.
Um santo anjo não iria cortejar os favores do mundo nem temer suas investidas
ataques: o mundo não afetaria o anjo. O mundo apresenta, por assim dizer, os germes
infecciosos exteriores; mas o principal problema está em nós mesmos – a suscetibilidade
da carne dentro de nós. Nenhum isolamento monástico altera isso em nós.
O que o Senhor pediu foi:
“Santifica-os na verdade”, pois a verdade
separa desenvolvendo a imunidade espiritual que preserva das doenças espirituais.
A ideia básica da santificação é a separação. O Filho deu a palavra do Pai, que
nos introduz a todo o Seu amor, Seus pensamentos, Seu propósito, Sua glória. Tudo
isso é verdade; isto é, a realidade mais divina possível. O mundo vive tão amplamente
em uma região de irrealidade e imaginação, esforçando-se para estabelecer seus sistemas
que não têm qualquer base sólida e que finalmente devem desaparecer. Se conhecemos as realidades divinas, devemos
necessariamente estar separados das irrealidades do mundo. Isso nos exporá ao ódio
do mundo, mas criará forte resistência espiritual às suas armadilhas. Isso nos imunizará
contra seus germes. Este é o tipo de separação que resiste, porque efetuado pela
palavra e verdade do Pai.
Agora encontramos “Eu enviei-os ao mundo” no versículo 18.
Como aqu’Ele Santo e Perfeito, Jesus havia sido enviado ao mundo pelo Pai, para
que Ele pudesse representá-Lo e torná-Lo conhecido. Agora, Ele envia Seus discípulos
ao mundo de maneira semelhante. Eles deveriam representá-Lo e torná-Lo conhecido.
O que os qualificava para isso era a santificação da qual o versículo anterior havia
falado. Se fosse Seu plano colocá-los em isolamento monástico, tal missão não teria
sido possível, e não teria sido possível se eles não tivessem sido santificados
pela verdade. Mas com a imunidade espiritual que a verdade confere, era possível.
Mas uma coisa adicional
foi necessária como indicado no versículo 19. O Senhor Jesus deve ser separado na
glória do céu, para que Ele possa derramar sobre eles Seu Espírito, para que Ele
possa Se tornar o Objeto de atração para o coração deles, e o Padrão a Quem eles
devem ser conformados no devido tempo. Sendo intrínseca e divinamente santa, a única
santificação possível para Ele era uma separação tal como essa; e notemos que, de
acordo com este versículo, Ele mesmo a faz. Outro tributo à Sua Deidade,
pois nenhum homem poderia se apartar retirando-se para a glória do céu!
O versículo 17, então,
nos dá o poder santificador da verdade, alcançando-nos por meio da palavra do Pai,
que foi ministrada pelo Filho, como o versículo 14 declarou. O versículo 19 acrescenta
o poder santificador da glória de Cristo, para ser ministrado pelo Espírito, que
viria aos discípulos como consequência de Sua glorificação. Para expor a questão
mais brevemente: é a revelação do Pai pelo Filho, e o conhecimento da glória do
Filho em Humanidade ressurreta pelo Espírito, que santifica o crente hoje.
O versículo 20 deve tocar
o nosso coração. O Senhor Jesus estava orando pelo pequeno grupo de discípulos que
O cercavam naquele momento: Ele agora ampliava Seus pedidos para abraçar a nós mesmos.
Embora tenham passado dezenove séculos desde que os primeiros discípulos saíram
com a palavra, temos crido n’Ele como resultado disso. A palavra falada deles já
morreu há muito tempo, mas essa palavra, na forma das Escrituras inspiradas do Novo
Testamento, permanece, e tem sido a base oficial de toda a pregação do evangelho
através dos anos, e ainda é assim hoje. Deve também tocar nosso coração que o primeiro
dos dois pedidos, que Ele fez para nós, foi para a nossa unificação.
A unidade que Ele desejou
é de natureza fundamental. Devemos ser um como o Pai é no Filho e o Filho é no Pai.
Entre o Pai e o Filho há a unidade essencial do ser e, consequentemente, da vida,
natureza e manifestação. Tão verdadeiramente recebemos a vida e a natureza do Filho
e do Pai que o Senhor Jesus podia dizer: “Um
em Nós” – essa mesma expressão mostrando a igualdade que existe entre Eles –
e sem unidade desse tipo nenhuma outra unidade exterior teria sido de valor. A união
eclesiástica sem isso seria apenas o ajuntamento de uma massa de material incompatível.
Sendo concedido esse pedido, a natureza divina caracterizaria todos santos; e a formação de tal unidade interior
naqueles que aparentemente eram tão diferentes (judeus e gentios, como foi indicado
em João 10:16) era uma prova satisfatória da missão divina de Cristo. Ele não diz
que o mundo iria crer, mas havia provas suficientes para que ele pudesse crer (JND).
A unidade pela qual o
Senhor orou deve ser aperfeiçoada em glória, embora primeiramente seja estabelecida
em graça. Novamente encontramos as palavras “dei-lhes” e desta vez conectadas com a glória. Aos Seus discípulos,
e incluindo nós entre eles, Ele doou a glória do Pai dada a Ele. Questões de tempo
não entram no relacionamento das Pessoas divinas, então Ele não diz: “darei-lhes”,
mas “dei-lhes”. Quando as coisas são
vistas do ponto de vista do conselho e propósito de Deus, encontramos declarações
semelhantes de um tipo absoluto – Romanos 8:30 e Efésios 2:6, por exemplo. É realmente
um fato maravilhoso que a glória, dada a Ele como Homem pelo Pai, é agora irrevogavelmente nossa pelo Seu
dom para conosco; e isto em vista à perfeição de nossa unidade n’Ele. No versículo
23, então, temos a unidade manifestada: o Pai manifestado no Filho; o Filho manifestado
nos santos glorificados. Esta será uma unidade perfeita na verdade! O mundo daquele
dia saberá que o Pai enviou o Filho e amou os santos, assim como O amava.
A glória irá declarar o amor.
Isso leva ao segundo pedido
do Senhor que foi concebido para abranger todos os santos deste período atual. Ele
dera Sua glória a eles e agora pede ao Pai para colocá-los em associação e companhia
com Ele mesmo. Glória Consigo mesmo acima é Seu desejo, no entanto, o ponto culminante
disso para nós será contemplar a glória suprema que será d’Ele. Anteriormente em
Sua oração Ele pedira para ser glorificado junto com o Pai com a glória que Ele
tinha com Ele antes que o mundo existisse. Essa glória sempre-existente tinha sido
d’Ele desde a eternidade como estando na unidade da Divindade: Ele agora foi revestido
com essa glória, mas de uma nova maneira;
recebendo-a como um dom do Pai em Sua Humanidade ressuscitada. Como glorificados
com Ele, devemos contemplar a Sua glória, que nos dará testemunho para sempre, não
apenas a perfeição de tudo o que Ele realizou em Humanidade, mas também do amor
do Pai, do qual Ele foi o Objeto desde toda a eternidade.
O mundo estava afundado
em ignorância quanto ao Pai. Quando Jesus orou pela preservação de Seus discípulos
no mundo, Ele Se dirigiu ao Pai como “Santo”
(v. 11), pois a separação deles do mundo era para ser governada por Sua
santidade. No versículo 25 Ele contempla o mundo em si mesmo em seu pecado e
cegueira, então Ele Se dirige ao Pai como “Justo”.
Assim, a justiça divina é colocada contra o pecado do mundo, como tinha sido antes
– João 16:9-10. Ele havia vindo como o Enviado, trazendo o conhecimento do Pai,
e os discípulos receberam esse conhecimento ao receber a Ele, porque Ele lhes havia
declarado o nome do Pai. Aqui temos mais duas ocorrências finais de Suas ações:
“Eu Te conheci” - “Eu lhes fiz conhecer [lhes declarei – KJV] o Teu nome”.
Ele havia falado, no versículo
6, da manifestação do nome do Pai, e isso foi realizado na vida que Ele viveu
e não precisou de qualquer acréscimo. Mas Ele também havia feito uma declaração
de Seu nome por lábios e palavra, e isso Ele suplementaria no futuro, quando
ressuscitado dos mortos. Somos permitidos ouvir sobre isso neste evangelho (Jo 20:17).
E tudo isso foi com a finalidade de que o amor do Pai, que estava essencialmente
centralizado n’Ele, pudesse estar “neles”;
isto é, a parte deles percebida de forma consciente. Como o amor do Pai habitou
neles, eles seriam qualificados para ser uma expressão de Cristo: Ele estaria “neles” em manifestação.
Esta maravilhosa oração
– emanando do Filho em comunhão com o Pai – deve necessariamente estar além de todos
os nossos pensamentos, mas é eficaz além de tudo para trazer o calor do amor divino
ao nosso coração. É um gozo notar que, assim como a oração começa com o Filho glorificado
pelo Pai, termina com o Filho manifestado e assim glorificado nos santos.
[1] N. do T.: John Bunyan é o escritor de “O Peregrino - A Viagem do Cristão à Cidade Celestial”, que é uma
alegoria que leva o leitor a refletir sobre os perigos e embaraços da vida
Cristã e a ser vigilante na vida terrena.