domingo, 8 de setembro de 2019

JOÃO 17

JOÃO 17


Precisamos ter em mente as cinco palavras que encerram o capítulo anterior ao lermos as palavras de abertura deste capítulo. Aqu’Ele que havia vencido o mundo, “levantando Seus olhos ao céu, disse: Pai”. No conhecimento do Pai e na luz do céu, qual é o valor do mundo? E quais são suas ameaças ou perseguições? Ali estava o próprio Filho de Deus na plenitude absoluta de ambas e, portanto, o mundo estava, por assim dizer, sob Seus pés. Ele agora Se apresentará diante do Pai e apresentará Seus discípulos também; de modo que eles, nascidos de Deus, e conhecendo a Ele mesmo como o Filho de Deus, e o Pai revelado n’Ele, podem ser mantidos no mundo pelo qual eles deveriam passar. Quando Bunyan, em sua alegoria[1], imaginou um homem com uma coroa de glória “diante de seus olhos”, ele corretamente colocou o mundo “para trás de suas costas”.
No quarto versículo do próximo capítulo, temos o testemunho do evangelista de que Jesus sabia “todas as coisas que sobre Ele haviam de vir”. Aqui Ele Se dirige ao Pai na consciência de que havia chegado a hora, para a qual Ele veio especialmente ao mundo. Neste capítulo incomparável nos é permitido ouvir o Filho falando com o Pai e, assim, elevados a esta região divina, vemos Sua grande obra completa como um todo e passamos em espírito para além da cruz. Aqui estão palavras que vão contra todos os poderes humanos de análise e submergem todos os poderes humanos de pensamento. Ainda assim podemos considerá-las. Vamos fazê-lo, ao passarmos pelos versículos, observando as coisas para as quais Ele fez pedido ao Pai, e também Suas declarações enfáticas quanto ao que Ele já havia realizado.
Seu primeiro pedido é: “glorifica a Teu Filho”. O Filho esteve aqui como o Servo do prazer e da glória do Pai, de cujo fato este evangelho deu testemunho especial e abundante. Então, de acordo com isto, Seu primeiro pedido é que, não mais em humilhação na Terra, mas em meio aos esplendores do céu, Ele ainda possa servir e glorificar o Pai, exercendo o poder conferido a Ele sobre toda a carne de uma maneira de peculiar maravilha e bênção. Pouco a pouco Ele exercerá esse poder sobre toda a carne na execução do julgamento: no presente, Ele o exerce na concessão da vida eterna a todos que foram dados a Ele pelo Pai. Dessa vida Ele é a Origem e a Fonte para os homens. Temos a vida e o Espírito vindos do Glorificado, e o Pai é glorificado nisto de uma maneira que ultrapassa a solene glória que será Sua na hora do julgamento.
Ora, toda a vida leva o caráter das condições que a cercam – de seu ambiente. A vida eterna só pode ser vivida no conhecimento do único Deus verdadeiro, como Pai e de Jesus Cristo, o Enviado do Pai. Sem dúvida é isso que explica o fato de que a vida, como vida eterna, é mencionada apenas duas vezes no Velho Testamento, e simplesmente como uma ideia profética daquilo que será desfrutado na era milenar vindoura. Foi uma benção prometida ao invés de uma benção conhecida e desfrutada. A lei oferecia vida na Terra. A época da vida eterna começou quando o Filho de Deus apareceu, e tendo terminado a Sua obra na Terra, Ele foi glorificado no céu.
Várias vezes neste capítulo, Jesus pronuncia palavras como “Eu glorifiquei-Te ... tenho consumado a obra ... manifestei o Teu nome ... lhes dei as palavras ... os tenho guardado ... Dei-lhes a Tua Palavra ... dei-lhes a glória ... os enviei ... Te conheci ... lhes fiz conhecer”, declarando a plenitude de tudo o que Ele realizou. As duas primeiras ocorrências estão no versículo 4, onde Ele apresenta a completude de Sua obra em apoio ao Seu pedido de glória. Ele havia glorificado o Pai, e, note-se, na Terra – aquele canto particular do amplo universo onde Ele tinha sido declaradamente mais desonrado pelo pecado e pela queda do primeiro homem e de sua raça. Essa grande obra havia sido confiada a Ele, juntamente com o trabalho paralelo de fazer propiciação pelo pecado, para que pudesse haver redenção para os pecadores. Passando em espírito além da cruz, declarou a completude e perfeição de Sua própria obra. Nenhum homem poderia pronunciar palavras como essas. A obra dos mais eminentes servos de Deus foi fragmentada e incompleta. E mesmo que fossem de outra forma, nenhum deles teria ousado se aproximar de Deus, o Perscrutador de corações e caminhos, e se pronunciar sobre sua própria obra, declarando-a finalizada em perfeição, pois teriam demonstrado a presunção impertinente do pior tipo. Mas aqui o Filho está falando, e não era presunção d’Ele.
No entanto, Ele era verdadeiramente homem; e é isso que nos impressiona quando lemos o versículo 5, onde Ele repete Seu pedido de glória – aquela glória particular que Ele tinha junto com o Pai antes que o mundo viesse a existir. Ele deve ser vestido com essa glória, somente que agora como o Filho em Humanidade – Humanidade ressuscitada. Aqui está um fato da maior admiração e o momento mais importante: um Homem Ressuscitado, Cristo Jesus, está vestido da glória sempre-existente da Deidade. Nessa glória Ele é Cabeça da Igreja, o Líder da raça eleita à qual pertencemos. Quem pode medir as consequências que vão fluir desse grande fato?
A raça eleita entra em cena no próximo versículo. Eles são designados “aos homens que do mundo Me deste”. Assim, desde o início, eles são nitidamente diferenciados do mundo, retirados dele pelo Pai e dados ao Filho. Eles eram os do Pai segundo o Seu conselho antes que o tempo existisse, mas foram dados ao Filho para que Ele os levasse ao conhecimento do Pai, ao manifestar o Seu Nome a eles. No final de Sua oração, Jesus fala de fazer conhecer o nome do Pai, o que enfatiza Suas palavras. Aqui, no entanto, o nome do Pai está se manifestando, e isso foi realizado mais em Sua vida e obras, como Ele disse anteriormente: “quem Me vê a Mim vê o Pai”. Destes homens Ele diz: “Eles têm guardado a Tua palavra” (ARA).
Isso foi muito tocante, por pensar o que esses homens tinham sido, quão tardios, quão insensíveis, quão indiferentes! E pense no que eles estavam prestes a mostrar serem em si mesmos. Que covardia, que negação, dali a algumas horas! Mas o Filho os via à luz do propósito divino, e Ele sabia que, no final de tudo, o Pai tinha poder para produzir neles tudo o que Ele havia proposto. Assim, Ele os creditou com a posição na plenitude daquilo que eles, até agora, só realizaram em uma medida muito fraca. E Ele não trata Seus santos hoje e intercede por eles da mesma maneira? Ele os credita também, no próximo versículo, indicando ao Pai tudo o que eles tinham visto manifestado n’Ele. Por todo este evangelho O encontramos atribuindo tudo ao Pai. Suas palavras e Suas obras eram do Pai. Ele não falou nem agiu como de Si mesmo, embora fosse o Verbo e o Filho. Tão real foi a Humanidade que Ele tomou: tão real o lugar da sujeição que Ele assumiu que Ele podia manifestar o Nome e glória do Pai.
No versículo 8 Ele não fala de “Palavra”, mas de “as palavras” que foram dadas a Ele e transmitidas aos discípulos. Uma é a revelação, considerada como um todo; a outra, as muitas e variadas palavras em que Ele havia comunicado a Palavra a eles. Essas palavras eles receberam, e por elas foram dirigidos ao próprio Pai. Eles realmente as receberam, mas teriam verdadeiramente entendido a menor fração de seu significado? Quanto delas temos abraçado – nós que temos o Espírito? No entanto, não é pouca coisa se, sem reservas, recebemos e cremos no que Ele diz pelo fato de que é Ele Quem diz isso. Tudo o que Ele disse nos colocará em contato com o Pai que O enviou.
Aqui ouvimos o Filho fazer o Seu primeiro e maior pedido; que Ele deveria ser glorificado em Sua Humanidade ressurreta, a fim de que pudesse glorificar o Pai de uma nova maneira. Também O ouvimos afirmar quatro coisas que realizou perfeitamente. Ele glorificou o Pai na Terra. Ele consumou a obra que Lhe foi dada fazer. Ele manifestou o nome do Pai aos discípulos; Ele deu a eles as palavras que o Pai Lhe dera. No versículo 9 encontramos o Seu segundo pedido, não para Si mesmo, mas para Seus discípulos. Ele começa por dissociá-los do mundo da maneira mais decisiva.
A antiga linha de divisão tinha sido entre judeus e gentios, mas que, embora tivesse sido afiada o suficiente até agora, estava desaparecendo e sendo substituída pela divisão entre os discípulos que O receberam e o mundo que O rejeitava. Se um judeu O rejeitava, seu lugar de privilégio desaparecia, e ele passava a ser apenas um dos elementos de que o mundo era composto. Note como o Senhor caracteriza os Seus discípulos aqui. Eles eram do Pai por Seu propósito e escolha, e então dados por Ele ao Filho. Sendo assim dados, foram considerados como pertencentes ao Pai e ao Filho. Mas eram peculiarmente o vaso ou veículo em que o Filho deve ser glorificado.
“Tudo o que é Meu, é Teu; e tudo o que é Teu, é Meu”. Pondere estas palavras. Um mero homem pode dizer: “Tudo o que é Meu, é Teu”, mas nenhum homem poderia dizer: “Tudo o que é Teu, é Meu”, ou seria culpado de imperdoável e blasfema presunção. Mas o Filho poderia falar assim com propriedade e verdade; porque Ele é Um com o Pai.
Tendo colocado os discípulos diante do Pai como os objetos de Seu segundo pedido, Jesus mencionou naquela ocasião que Ele estava deixando o mundo e indo ao Pai, enquanto eles deveriam ser deixados no mundo. Eles tinham muito pouca percepção do que o mundo era, com seus perigos e armadilhas; Ele sabia disso perfeitamente. Nada além do poder mantenedor do Pai, de acordo com Sua própria santidade, seria suficiente para preservá-los. Eles não seriam meramente preservados, mas mantidos em unidade segundo o padrão do Pai e do Filho. O Filho havia revelado aquele santo nome do Pai, e nele havia o necessário poder e graça, assim como também havia na vida eterna que o Filho dá, juntamente com o dom do Espírito, que em breve aconteceria. Além disso, esses homens foram deixados como testemunhas do seu Senhor que estava indo embora, e era essencial que o testemunho deles fosse marcado pela unidade, a fim de ser eficaz. Os Atos dos Apóstolos e as Epístolas nos mostram quão plenamente esta unidade de testemunho foi preservada.
Até então eles haviam sido guardados pelo Filho em nome do Pai, e o único que faltava não era discípulo de verdade, mas o filho da perdição, e até mesmo esse triste acontecimento foi em cumprimento da Escritura. Quanto a todos aqueles do Pai realmente dados a Ele, Jesus podia dizer que “guardava-os” (TB). Agora, saindo do mundo, Ele coloca os discípulos em Seu próprio lugar, como mostra o versículo 13. Ele esteve aqui em nome de Seu Pai, encontrando Sua alegria em servir Seus interesses. Doravante eles deveriam estar aqui em Seu Nome e ter o mesmo gozo cumprido em si mesmos por servirem o Pai, ao representarem o Filho.
Mas para isso eles precisariam estar no conhecimento da mente e propósito do Pai; daí o Filho lhes havia dado a palavra do Pai. Aqui temos as palavras “Dei-lhes a Tua palavra” e, desta vez, não “as palavras”, mas “a palavra”; isto é, toda a revelação que Ele havia trazido. Eles ainda tinham entrado pouco na plenitude dessa revelação, mas, por meio dela eles tinham sido separados do mundo quanto ao conhecimento deles, assim como eles também estavam separados em origem, pois eles não eram DO mundo como Ele não era. No entanto, quanto ao lugar, eles estavam NO mundo, e o Senhor não desejava que eles fossem tirados dele, mas, ao contrário, guardados do mal.
Aqui temos muito explicitamente uma coisa pela qual o Senhor NÃO fez pedido. No entanto, essa coisa, com uma estranha obstinação, tem sido buscada através dos séculos por almas sinceras – e muitos verdadeiros crentes entre eles – como uma incorporada ideia monástica. Essa ideia pode ser buscada com o auxílio das espessas paredes de alvenaria, ou pode ser buscada sem elas. O resultado, no entanto, é o mesmo. Se transformarmos a separação divinamente ordenada em isolamento monástico, sempre terminaremos gerando, na esfera de nosso retiro, os próprios males que deveríamos estar evitando. O mundo realmente nos apresenta um perigo mortal. Mas por quê? Por causa do que somos em nós mesmos. Um santo anjo não iria cortejar os favores do mundo nem temer suas investidas ataques: o mundo não afetaria o anjo. O mundo apresenta, por assim dizer, os germes infecciosos exteriores; mas o principal problema está em nós mesmos – a suscetibilidade da carne dentro de nós. Nenhum isolamento monástico altera isso em nós.
O que o Senhor pediu foi: “Santifica-os na verdade”, pois a verdade separa desenvolvendo a imunidade espiritual que preserva das doenças espirituais. A ideia básica da santificação é a separação. O Filho deu a palavra do Pai, que nos introduz a todo o Seu amor, Seus pensamentos, Seu propósito, Sua glória. Tudo isso é verdade; isto é, a realidade mais divina possível. O mundo vive tão amplamente em uma região de irrealidade e imaginação, esforçando-se para estabelecer seus sistemas que não têm qualquer base sólida e que finalmente devem desaparecer. Se conhecemos as realidades divinas, devemos necessariamente estar separados das irrealidades do mundo. Isso nos exporá ao ódio do mundo, mas criará forte resistência espiritual às suas armadilhas. Isso nos imunizará contra seus germes. Este é o tipo de separação que resiste, porque efetuado pela palavra e verdade do Pai.
Agora encontramos “Eu enviei-os ao mundo” no versículo 18. Como aqu’Ele Santo e Perfeito, Jesus havia sido enviado ao mundo pelo Pai, para que Ele pudesse representá-Lo e torná-Lo conhecido. Agora, Ele envia Seus discípulos ao mundo de maneira semelhante. Eles deveriam representá-Lo e torná-Lo conhecido. O que os qualificava para isso era a santificação da qual o versículo anterior havia falado. Se fosse Seu plano colocá-los em isolamento monástico, tal missão não teria sido possível, e não teria sido possível se eles não tivessem sido santificados pela verdade. Mas com a imunidade espiritual que a verdade confere, era possível.
Mas uma coisa adicional foi necessária como indicado no versículo 19. O Senhor Jesus deve ser separado na glória do céu, para que Ele possa derramar sobre eles Seu Espírito, para que Ele possa Se tornar o Objeto de atração para o coração deles, e o Padrão a Quem eles devem ser conformados no devido tempo. Sendo intrínseca e divinamente santa, a única santificação possível para Ele era uma separação tal como essa; e notemos que, de acordo com este versículo, Ele mesmo a faz. Outro tributo à Sua Deidade, pois nenhum homem poderia se apartar retirando-se para a glória do céu!
O versículo 17, então, nos dá o poder santificador da verdade, alcançando-nos por meio da palavra do Pai, que foi ministrada pelo Filho, como o versículo 14 declarou. O versículo 19 acrescenta o poder santificador da glória de Cristo, para ser ministrado pelo Espírito, que viria aos discípulos como consequência de Sua glorificação. Para expor a questão mais brevemente: é a revelação do Pai pelo Filho, e o conhecimento da glória do Filho em Humanidade ressurreta pelo Espírito, que santifica o crente hoje.
O versículo 20 deve tocar o nosso coração. O Senhor Jesus estava orando pelo pequeno grupo de discípulos que O cercavam naquele momento: Ele agora ampliava Seus pedidos para abraçar a nós mesmos. Embora tenham passado dezenove séculos desde que os primeiros discípulos saíram com a palavra, temos crido n’Ele como resultado disso. A palavra falada deles já morreu há muito tempo, mas essa palavra, na forma das Escrituras inspiradas do Novo Testamento, permanece, e tem sido a base oficial de toda a pregação do evangelho através dos anos, e ainda é assim hoje. Deve também tocar nosso coração que o primeiro dos dois pedidos, que Ele fez para nós, foi para a nossa unificação.
A unidade que Ele desejou é de natureza fundamental. Devemos ser um como o Pai é no Filho e o Filho é no Pai. Entre o Pai e o Filho há a unidade essencial do ser e, consequentemente, da vida, natureza e manifestação. Tão verdadeiramente recebemos a vida e a natureza do Filho e do Pai que o Senhor Jesus podia dizer: “Um em Nós” – essa mesma expressão mostrando a igualdade que existe entre Eles – e sem unidade desse tipo nenhuma outra unidade exterior teria sido de valor. A união eclesiástica sem isso seria apenas o ajuntamento de uma massa de material incompatível. Sendo concedido esse pedido, a natureza divina caracterizaria todos santos; e a formação de tal unidade interior naqueles que aparentemente eram tão diferentes (judeus e gentios, como foi indicado em João 10:16) era uma prova satisfatória da missão divina de Cristo. Ele não diz que o mundo iria crer, mas havia provas suficientes para que ele pudesse crer (JND).
A unidade pela qual o Senhor orou deve ser aperfeiçoada em glória, embora primeiramente seja estabelecida em graça. Novamente encontramos as palavras “dei-lhes” e desta vez conectadas com a glória. Aos Seus discípulos, e incluindo nós entre eles, Ele doou a glória do Pai dada a Ele. Questões de tempo não entram no relacionamento das Pessoas divinas, então Ele não diz: “darei-lhes”, mas “dei-lhes”. Quando as coisas são vistas do ponto de vista do conselho e propósito de Deus, encontramos declarações semelhantes de um tipo absoluto – Romanos 8:30 e Efésios 2:6, por exemplo. É realmente um fato maravilhoso que a glória, dada a Ele como Homem pelo Pai, é agora irrevogavelmente nossa pelo Seu dom para conosco; e isto em vista à perfeição de nossa unidade n’Ele. No versículo 23, então, temos a unidade manifestada: o Pai manifestado no Filho; o Filho manifestado nos santos glorificados. Esta será uma unidade perfeita na verdade! O mundo daquele dia saberá que o Pai enviou o Filho e amou os santos, assim como O amava. A glória irá declarar o amor.
Isso leva ao segundo pedido do Senhor que foi concebido para abranger todos os santos deste período atual. Ele dera Sua glória a eles e agora pede ao Pai para colocá-los em associação e companhia com Ele mesmo. Glória Consigo mesmo acima é Seu desejo, no entanto, o ponto culminante disso para nós será contemplar a glória suprema que será d’Ele. Anteriormente em Sua oração Ele pedira para ser glorificado junto com o Pai com a glória que Ele tinha com Ele antes que o mundo existisse. Essa glória sempre-existente tinha sido d’Ele desde a eternidade como estando na unidade da Divindade: Ele agora foi revestido com essa glória, mas de uma nova maneira; recebendo-a como um dom do Pai em Sua Humanidade ressuscitada. Como glorificados com Ele, devemos contemplar a Sua glória, que nos dará testemunho para sempre, não apenas a perfeição de tudo o que Ele realizou em Humanidade, mas também do amor do Pai, do qual Ele foi o Objeto desde toda a eternidade.
O mundo estava afundado em ignorância quanto ao Pai. Quando Jesus orou pela preservação de Seus discípulos no mundo, Ele Se dirigiu ao Pai como “Santo” (v. 11), pois a separação deles do mundo era para ser governada por Sua santidade. No versículo 25 Ele contempla o mundo em si mesmo em seu pecado e cegueira, então Ele Se dirige ao Pai como “Justo”. Assim, a justiça divina é colocada contra o pecado do mundo, como tinha sido antes – João 16:9-10. Ele havia vindo como o Enviado, trazendo o conhecimento do Pai, e os discípulos receberam esse conhecimento ao receber a Ele, porque Ele lhes havia declarado o nome do Pai. Aqui temos mais duas ocorrências finais de Suas ações: “Eu Te conheci” - “Eu lhes fiz conhecer [lhes declarei – KJV] o Teu nome”.
Ele havia falado, no versículo 6, da manifestação do nome do Pai, e isso foi realizado na vida que Ele viveu e não precisou de qualquer acréscimo. Mas Ele também havia feito uma declaração de Seu nome por lábios e palavra, e isso Ele suplementaria no futuro, quando ressuscitado dos mortos. Somos permitidos ouvir sobre isso neste evangelho (Jo 20:17). E tudo isso foi com a finalidade de que o amor do Pai, que estava essencialmente centralizado n’Ele, pudesse estar “neles”; isto é, a parte deles percebida de forma consciente. Como o amor do Pai habitou neles, eles seriam qualificados para ser uma expressão de Cristo: Ele estaria “neles” em manifestação.
Esta maravilhosa oração – emanando do Filho em comunhão com o Pai – deve necessariamente estar além de todos os nossos pensamentos, mas é eficaz além de tudo para trazer o calor do amor divino ao nosso coração. É um gozo notar que, assim como a oração começa com o Filho glorificado pelo Pai, termina com o Filho manifestado e assim glorificado nos santos.


[1] N. do T.: John Bunyan é o escritor de “O Peregrino - A Viagem do Cristão à Cidade Celestial”, que é uma alegoria que leva o leitor a refletir sobre os perigos e embaraços da vida Cristã e a ser vigilante na vida terrena.

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