Em primeiro lugar somos
trazidos de volta à Jerusalém para que possamos considerar um terceiro sinal que
Ele deu na cura do homem inválido em Betesda. O judeu que lê este evangelho pode
dizer: “Bem, como uma nação, estamos doente até à morte e precisamos de vida; mas
temos a lei. Não devemos encontrar cura lá?” O terceiro sinal nos fornece uma resposta
para isso.
Um caminho de bênção foi
trazido ao alcance do homem pela lei de Moisés. Apenas uma coisa era necessária
por parte do homem, mas uma coisa que estava totalmente ausente. Exigia que ele
tivesse poder para aproveitar o benefício fornecido. O caso do homem inválido à
beira do tanque apresenta adequadamente o estado em que todo homem se encontra,
quanto testado sob a lei. O pecado destruiu nosso poder para fazer aquilo o que
a lei exige. Isso era tão óbvio no caso do homem que ele não fazia referência a
seus próprios poderes, que haviam desaparecido, mas apenas admitia que ninguém estava
disponível para fazer por ele o que ele próprio não podia fazer. “Não tenho homem algum”, disse ele.
No entanto, por sua confissão,
ele reconheceu seu desejo de ser curado, e a cura completa foi concedida a ele imediatamente
pela palavra do Senhor. O que a lei não podia fazer por ele, na medida em que era
fraco pela incapacidade de sua carne, foi realizado em um instante como a obra do
Filho de Deus, agora presente na Terra. O homem era capaz não apenas de andar, mas
também de levar a cama que antes testemunhara seu desamparo. O Senhor ordenou que
ele fizesse isso, embora fosse o sábado.
A lei do sábado era muito
rigorosa. Todas as formas de trabalho eram proibidas, até mesmo pegar gravetos e
acender um fogo. Os judeus, portanto, levantaram suas mãos para impedi-lo
imediatamente quando viram o homem carregando sua cama. Ele tinha, no entanto, uma
resposta pronta e suficiente. O Homem que o curara dissera-lhe para fazê-lo; e um
pouco mais tarde ele foi capaz de nomear aquele homem – Jesus. O zelo deles pelo
sábado era tal que, a partir daquele momento, Ele Se tornou o objeto de seu ódio
e perseguição.
O Senhor não pronunciou
qualquer palavra de desculpa ou mesmo de explicação; Ele simplesmente declarou aquilo
que corta pela raiz essa instituição legal. Sob a lei de Moisés, o sábado foi instituído
como um sinal entre Jeová e Israel, como é esclarecido em Êxodo 31:12-17, embora
tenha sido baseado em Seu descanso quando a criação foi concluída. No que dizia
respeito a Si mesmo, Jesus colocou-o de lado. Uma vez que a criação havia sido invadida
pelo pecado, Seu Pai estava trabalhando e não descansando, e Ele estava trabalhando
em comunhão com Seu Pai, e não guardando os sábados como relacionado a eles.
Essa contundente declaração
instigou os judeus ao ódio homicida pelas duas razões indicadas no versículo 18.
Ele havia quebrado o sinal do pacto no qual se orgulhavam, e acrescentara à Sua
ação a afirmação de que Deus era Seu Pai; reivindicando igualdade com Deus. Note
que o versículo 18 é a explicação de João por que os judeus procuraram matá-lo,
e não seu relato da explicação fornecida pelos judeus – embora, é claro, possa ter
sido a explicação que eles deram. É, portanto, o comentário do Espírito Santo por
meio de João, e prova que na Filiação de nosso Senhor não há pensamento de qualquer
tipo de inferioridade para com o Pai. Pelo contrário, é a afirmação da igualdade.
A resposta que Jesus deu
ao ódio mortal deles, no versículo 19, é muito impressionante. O Filho, que estava
aqui em Humanidade, tomou o lugar de realizar com perfeição toda a vontade e obra
do Pai. Por isso, Ele nada podia fazer “por
Si mesmo”, como algo originado independentemente do Pai; antes, agia em todas
as coisas, como dirigido e ordenado pelo Pai. Mas a intenção disto é nos conduzir,
cremos, à verdade ainda mais profunda de que esta necessidade estava enraizada em
Sua perfeita unidade com o Pai. Embora Homem, Ele estava tão absoluta, perfeita
e completamente em unidade da Divindade que era impossível para Ele agir à
parte do Pai. Nesse sentido, “o Filho
por Si mesmo não pode fazer coisa alguma”; e, portanto, esta afirmação longe
de ser qualquer confissão de incapacidade ou mesmo inferioridade é uma afirmação
absoluta de Sua Deidade.
“O Pai ama o Filho”. Essas cinco palavras ocorrem na declaração do evangelista no final de João
3. Elas agora ocorrem no versículo 20 na voz do próprio Jesus. O Filho, agora na
Terra em Humanidade, estava em plena consciência de todos os atos do Pai, e deveria
Se empenhar em obras maiores do que qualquer outra já manifestada. Ele atuaria como
o Doador da vida e como o Executor do julgamento. Vivificar é dar vida; e nisso
o Filho age de acordo com a Sua soberana vontade, embora, é claro, Sua vontade esteja
sempre em completa harmonia com a vontade do Pai.
A ressurreição dos mortos
e a vivificação são distinguidas no versículo 21. Os mortos ímpios devem ser ressuscitados,
mas não diz que serão vivificados. Novamente, a vivificação acontece quando a ressurreição
não está em questão, como mostra o versículo 25. O Filho ressuscitará os mortos,
como Ele afirma nos versículos 28 e 29, mas o ponto no versículo 21 é que Ele dá
a vida como o Pai faz. Nos versículos iniciais do evangelho, O vemos como tendo
vida em Si mesmo, e como manifestando aquela vida para que ela seja a luz dos homens.
Aqui vamos um passo além: Ele é o Doador da vida para os outros. Nisto Ele age com
o Pai.
Mas, em matéria de julgamento,
Ele age pelo Pai, como afirma
o versículo 22. Há coisas que o Filho renuncia, como a determinação e a revelação
de “tempos e estações”, como vemos em
Atos 1:7 e Marcos 13:32; aqui encontramos que o Pai renuncia a todo julgamento,
entregando-o nas mãos do Filho. Esses fatos, no entanto, não devem ser usados de
forma alguma para depreciar a honra e a glória do Pai ou do Filho. Isto é especialmente
apontado no que diz respeito ao Filho no versículo 23, visto que o fato de Ele assumir
a Humanidade O deixa sujeito a uma depreciação injustificada na mente daqueles que
não O entendem nem O amam. Ele será honrado por todos na hora do julgamento; e não
honrá-Lo hoje é desonrar o Pai
que O enviou. O Pai, evidentemente, não aceitará honra a não ser aquela em que o
Filho é honrado conjuntamente.
Nesse discurso maravilhoso,
o Senhor fez três declarações nas quais colocou uma ênfase especial, expressa pelas
palavras “em verdade, em verdade”. No
versículo 19, Ele enfatizou Sua unidade essencial com o Pai em todas as Suas obras,
como vimos. No versículo 24 a ênfase novamente está em Sua conexão com o Pai. Como
o Verbo Se fez carne Ele foi O enviado do Pai, e em Sua Palavra o Pai foi feito
conhecido. Então, Ele não apenas disse: “Aquele
que ouve a Minha palavra” e crê nela, mas “e crê naqu’Ele que Me enviou”.
Cremos no Pai pela palavra
do Filho; de modo que atualmente Pedro escreve aos santos “por Ele credes em Deus” (1 Pe 1:21). Ora, aqui Ele anunciou que
um simples ouvir de fé produziu três resultados surpreendentes: a posse da vida
eterna, o livramento do julgamento, a passagem da morte para a vida.
Milhares de vezes esse
grande versículo foi usado para trazer luz e certeza à alma de pecadores ansiosos
e inquiridores! Que ainda seja usado milhares de vezes mais! A certeza digna de
confiança que exala desse versículo se destaca por si só. Somos bem recompensados,
no entanto, quando olhamos um pouco mais cuidadosamente para suas profundezas. O
Filho dá a vida a quem Ele quer e executa todo o julgamento. Ele fala a palavra
vivificante que conduz a alma em fé a Deus, e imediatamente possuímos a vida e nunca
entraremos em julgamento. Somos feitos os possuidores da primeira daquelas magníficas
obras das quais Ele falou, e na segunda nunca entramos. Ele colocou ênfase no lado
positivo ao falar da vida de duas maneiras. Não é só aquilo que o crente possui, mas que também ele passa do reino da morte.
Se falamos da vida como
conectada com essa criação inferior, lidamos com algo que desafia nossa análise
e definições, ainda que, obviamente, essa palavra tenha mais de um sentido. Contemplamos,
por exemplo, não apenas a centelha vital no homem ou num animal, mas também as condições
necessárias para que essa centelha exista. Não há vida nos animais aquáticos sem
água; não há vida humana sem ar. E também não há vida espiritual e eterna sem o
conhecimento de Deus; e não há conhecimento de Deus sem a revelação que nos alcança
pela palavra do Enviado e a fé que a recebe. Por causa disso, cremos, Jesus falou
não somente do crente tendo a vida eterna, mas de ter passado daquela morte espiritual,
que é marcada por total ignorância de Deus,
para a esfera da vida que é preenchida com a luz do conhecimento do Pai. Não é de
se admirar que Ele tenha colocado tal ênfase nessa maravilhosa declaração.
E no versículo seguinte,
Ele enfatizou a afirmação adicional de que um tempo estava alvorecendo em que esta
grande obra vivificante de Deus seria especialmente levada adiante. Nesse versículo,
vemos a obra mais do lado de Sua própria ação soberana, e a fé não é especialmente
mencionada, embora, é claro, ninguém ouvirá “a voz do Filho de Deus” sem a fé. Essa “hora” tem durado até o presente momento e, através dos séculos, multidões
ouviram as vozes dos pregadores da palavra sem ouvir Sua voz na palavra. Somente
aqueles que ouviram Sua voz viveram. Eles viveram porque, como o próximo versículo nos diz, o Filho que agora surge
na Humanidade, tem vida em Si mesmo, como dada pelo Pai. A vida estava n’Ele essencialmente,
porque a afirmação “n’Ele estava a vida”
(Jo 1:4), está conectada com a Sua existência eterna, e Sua encarnação não é mencionada
antes do versículo 14; mas aqui vemos que na Humanidade o Filho é dado pelo Pai
como a Cabeça da Fonte da vida eterna para os homens. Possuímos a vida de forma
derivada, enquanto apenas aquilo que é possuído de forma inerente e essencial pode
ser comunicado a outros. Essa grande obra que dá vida é d’Ele somente e agora é
o tempo d’Ele agir assim. No profundo silêncio de inumeráveis corações Sua voz soou:
eles ouviram e viveram. Não devemos inverter a ordem das palavras, como alguns têm se inclinado a fazer. Não é “aqueles que
vivem a ouvirão”, mas “os que a ouvirem,
viverão”.
Mas, além disso, o Filho
de Deus é também o Filho do Homem, e assim Ele não é apenas a Fonte da vida, mas
também o competente Juiz de todos. Como Filho do Homem, Ele deveria ser “levantado” sob o julgamento do homem. Atualmente,
ouviremos o povo dizendo: “como dizes Tu
que convém que o Filho do Homem seja levantado? Quem é Esse Filho do Homem?”
(Jo 12:34) Bem, no dia vindouro eles saberão Quem Ele é para a sua irremediável
ruína! Embora, à primeira vista, pareça mais maravilhoso que todo julgamento seja
investido em UM HOMEM, ainda assim não devemos nos maravilhar. Mas uma hora chegará
quando a voz do Filho do Homem for ouvida, e isto não apenas por alguns, mas por
todos – seja bom ou mau.
Somente aqueles que ouviram
a voz do Filho de Deus e viveram tinham o poder de fazer o bem. A vida se expressou
no bem, como seu produto e prova. O resto simplesmente fez o mal. A voz do Filho
do Homem levantará a todos do túmulo, sem exceção, pois há uma ressurreição do julgamento
e também uma ressurreição da vida. Eles são distinguidos aqui, embora tenhamos que
ir a outras Escrituras para descobrir que um grande intervalo de tempo os separa.
Ambos, no entanto, estão no futuro, pois as palavras “e agora é” (caps. 4:23; 5:25) não ocorrem nessa conexão. As palavras
nos versículos 22, 24, 27, 29, traduzidas de várias maneiras, julgamento, juízo,
condenação, são fundamentalmente as mesmas[1]. É
bom ter isso em mente.
Mas, embora todo o julgamento
esteja em Suas mãos, Ele nem mesmo nisso age independente ou separado do Pai. Tendo
assumido a Humanidade, Ele não deixa a posição que assumiu, mas a desempenha em
perfeição. Se Ele tivesse dito: “Meu julgamento é justo; porque Eu Sou o Verbo que
Se fez carne”, teria declarado o que é absolutamente verdadeiro; mas Ele baseou
a afirmação nisso: “porque não busco a Minha
vontade, mas a vontade do Pai que Me enviou”. Todo julgamento pode ser confiado
com segurança nas mãos de um Homem desta ordem, e nesse sentido, Ele disse: “Eu não posso de Mim mesmo fazer coisa
alguma”.
Em Mateus 20:23, Jesus
proferiu as seguintes palavras: “Não Me compete concedê-lo” (TB). Em Marcos 13:32 Ele disse de fato: “não Me compete sabê-lo”. Aqui Ele diz, com efeito: “não Me compete fazê-lo”. Todas as três afirmações são feitas em vista do humilde lugar de dependência
que Ele tomou para a glória da Divindade e para a nossa salvação, e elas não militam
contra o Seu lugar supremo na unidade da Divindade. Elas nos mostram algo sobre
o que significa que Ele “aniquilou-Se” ou “esvaziou-Se” (ARA), segundo Filipenses
2, e assim temos um vislumbre da verdadeira “kenosis”
da qual a Escritura fala, e a encontramos longe da má “teoria da kenosis” formulada
pelos teólogos incrédulos, que atribui falibilidade e erro ao nosso Senhor.
A verdade era que, embora
Ele mesmo fosse tão grande, Ele estava aqui totalmente para a vontade do Pai, e
todos os Seus julgamentos estavam de acordo com os pensamentos do Pai. Mesmo no
que diz respeito ao testemunho de Si mesmo, tudo foi deixado nas mãos do Pai. É
costume entre os homens chamarem atenção para si mesmos, mas assim não foi com ele.
A primeira testemunha,
João, era apenas um homem. Jesus não precisava de tal testemunho, mas Ele o mencionou,
se assim alguns pudessem ouvir e ser salvos. Nos versículos 33-35, Jesus está realmente
dando testemunho de João, que havia manifestado a verdade como uma lâmpada acesa
e brilhante. O testemunho de João era marcado pelo ardor e pela luz, mas ele era
apenas uma lâmpada – pois essa é a palavra que o Senhor usou – enquanto Jesus era
a verdadeira luz, como o Sol brilhando em sua força. Agora o Sol não precisa da
luz de uma mera lâmpada, mesmo que ela arda e ilumine.
As obras que o Pai deu
a Jesus para cumprir eram como raios de luz lançados pelo Sol; elas eram uma testemunha
maior d’Ele do que qualquer coisa que João pudesse dizer. Elas eram tão obviamente
divinas que provaram que Ele era o Enviado do Pai. E então, em terceiro lugar, o
próprio Pai dera testemunho d’Ele – notavelmente no tempo do batismo de João – mas
eles, sendo totalmente carnais, não tinham nenhuma apreciação por isso. Eles queriam
algo que apelasse aos seus sentidos naturais de visão ou audição, e nada sabiam
da palavra do Pai, que traz iluminação espiritual.
Por fim, havia as Escrituras
Sagradas. Estas realmente testificaram d’Ele e eles as examinavam. Eles pensaram
que tinham vida eterna nas Escrituras, mas Cristo é o Doador dela, e eles não queriam
vir a Ele. Se, examinando as Escrituras, os homens são conduzidos a Cristo, então,
de fato, eles têm vida eterna por meio das Escrituras, caso contrário, eles meramente
obtêm conhecimento de um tipo técnico, teológico e permanecem na morte espiritual.
Estas palavras são as mais esclarecedoras sobre qual é a verdadeira função da Escritura.
O Senhor prosseguiu para
mostrar que Ele conhecia completamente Seus oponentes. Ele estava aqui em nome de
Seu Pai e, portanto, a honra e a glória que o homem podia oferecer não eram nada
para Ele. Eles não tinham nada do amor de Deus neles e, portanto, eram ávidos por
honra, uns dos outros, em vez de buscar o que vem de Deus. Na mente deles, glorificavam
os homens, e isso era como sempre uma barreira eficaz à fé, e eles não podiam
crer. Jesus veio em nome de Seu Pai; o que significa que Ele estava buscando
a glória de Seu Pai. Tudo era estranho para eles, e eles O recusaram. Outro viria
em seu próprio nome e, portanto, procurando sua própria glória; isso seria exatamente adequado a eles e eles o receberiam. Com estas
palavras, o Senhor predisse a vinda do anticristo, em quem a falsa glória do homem
alcançará seu clímax.
Por estas palavras também
foram expostos os motivos do mal assentado no coração de Seus oponentes, mas Ele
não era seu acusador. Moisés era o que os acusava por meio da lei que havia sido
dada por ele. Eles se vangloriavam em Moisés, porque sentiam que o grande homem
conferia alguma honra a si mesmos, mas não criam realmente nele. Se tivessem crido,
teriam recebido a Cristo. O versículo 39 se aplica a todas as Escrituras do Velho
Testamento: elas “testificam de Mim”
(ARA). O versículo 46 alude especificamente aos primeiros livros escritos por Moisés;
e ele “escreveu de Mim” (TB). Esta, então,
é a chave que destrava todo o Velho Testamento – o tema principal é o Cristo, que
estava por vir.
A maneira pela qual o
Senhor conectou Suas palavras aos escritos de Moisés é muito impressionante. Se
os homens recusarem o testemunho anterior por meio do servo, eles não receberão
o Filho quando Ele falar. E assim é realmente. Os homens de hoje, que não creem
nos livros de Moisés e até negam sua autoria, não creem nas palavras de Jesus. Isto
é perfeitamente claro, visto que Ele sustenta aqui a própria coisa que eles negam.
Precisamos fazer nossa escolha entre os modernistas racionalistas e Cristo. Eles
se colocaram no lugar de Seus oponentes judeus: isso é tudo. As duas perguntas:
“Como podeis crer?” (ARA) e “como crereis?” (ARA) são muito impressionantes.
Como o amor de Deus está em nós, como a glória do homem se desvanece diante de nossos
olhos, devemos aceitar e crer nas Sagradas Escrituras, e elas nos conduzirão em
fé a Cristo.
[1]
N. do T.: As palavras gregas “krisis”
e “krima” são indistintamente
traduzidas nas versões brasileiras como julgamento, juízo e condenação. Alguém
estar doente não significa que vai morrer, mas está passando por uma “krisis”. Alguém ter agido contra a lei
significa que será condenado por um “krima”.
Daí as palavras “crise” e “crime”. “Krisis”
corresponde à sessão de um julgamento.
“Krima” indica o resultado do julgamento – a decisão tomada, a sentença real. João
5:11 afirma que o crente sequer entrará à “sessão de julgamento divino” (“krisis”), pois Cristo a enfrentou por
nós na cruz. W. Scott disse: “O julgamento e a condenação não significam a
mesma coisa: a condenação é futura e final. O julgamento a precede”. J. N.
Darby afirma em nota de rodapé em Lucas 20:47 que a palavra “juízo” (ARA – “krima”) é “a sentença passada sobre a coisa acusada como culpada”.